quinta-feira, 10 de setembro de 2009

Sonhos - parte 7

Vera estava dirigindo agora. Tanto Will quanto Andie dormiam, e já estava anoitecendo. O rádio exibia o Bob Dylan, a trilha sonora escolhida pra viagem.

Muitos pensamentos invadiram Vera. Antes de vir, ela tinha tomado algumas decisões. Certas mudanças que precisavam acontecer, queria botar a vida pra frente. Levava dentro do carro, as duas pessoas que mais admirava no mundo e seus pertences mais importantes. Mal acreditava que tinha dado tudo certo. Era um êxtase que ainda não tinha feito efeito. E ali naquela estrada infinita, a sensação de liberdade era plena.
E o que é liberdade, afinal? Se nos amarramos em nossos próprios sentimentos; não há liberdade absoluta, e se há, ela deve ser desesperadora. O impulso é mais libertador que a própria liberdade. Vera era apegada ao destino, à sina, ao karma. Acreditava em coincidências propositais, via as pessoas surgindo em sua vida e sabia que não eram acasos. É tolice ser cético a ponto de considerar alguém ‘só alguém’ ou um fato ‘só um fato’. Cada dia pode ser vivido de uma maneira diferente, e cá estamos todos nós, vivendo-os como todos os dias anteriores, riscando números num calendário. Era disso que Vera queria se livrar. E não se apegar à liberdade.

E ali, naquele momento, escolheu que podia morrer. E se sabe por todos os cantos, desejo de morrer é plenitude, é intensidade.

Quando olhou para Andie dormindo, com Will no colo, sentiu um comichão no estômago. A paixão concretizada que pairava dentro daquele carro, ou sob aquelas montanhas era impossível de se dizer. Eles estavam assinando com o próprio sangue uma aventura sem cabimento. Uma inquietude tocou os pensamentos de Vera e ela se sentiu como numa explosão- uma explosão boa, uma explosão vital -, era como um sonho, breve.

4 comentários:

Gota disse...

Cara... A unica coisa que eu peço para o tipo de pessoa que eu citei no meu post é que fique de boca fechada ou que seja humilde para ensinar e aprender. As pessoas a que me refiro se acham donas da verdade por acreditarem piamente em suas teorias e nos seus conhecimentos. Conhecer suas limitaçoes é querer se ver livre delas!
Consumir coisas boas não diz que vc é inteligente ou que está absorvendo o que consome... Na maioria das vezes te transforma em um repetidor, apenas.

Isabela disse...

You're not thinking that maybe you're the wrong one.
If there's something wrong there.

Nat disse...

"O impulso é mais libertador que a própria liberdade."
Perfeito.

Jenny Souza disse...

Meu, essa Vera não vai dar uma de Catherine na cena final de Jules et Jim não né?
Por um momento lembrei disso e deu paura. hehehe

Veremos.

Beijos.

ps.: foto no fim discussão Isa x Gota, sério. :)