Vera estava dirigindo agora. Tanto Will quanto Andie dormiam, e já estava anoitecendo. O rádio exibia o Bob Dylan, a trilha sonora escolhida pra viagem.
Muitos pensamentos invadiram Vera. Antes de vir, ela tinha tomado algumas decisões. Certas mudanças que precisavam acontecer, queria botar a vida pra frente. Levava dentro do carro, as duas pessoas que mais admirava no mundo e seus pertences mais importantes. Mal acreditava que tinha dado tudo certo. Era um êxtase que ainda não tinha feito efeito. E ali naquela estrada infinita, a sensação de liberdade era plena.
E o que é liberdade, afinal? Se nos amarramos em nossos próprios sentimentos; não há liberdade absoluta, e se há, ela deve ser desesperadora. O impulso é mais libertador que a própria liberdade. Vera era apegada ao destino, à sina, ao karma. Acreditava em coincidências propositais, via as pessoas surgindo em sua vida e sabia que não eram acasos. É tolice ser cético a ponto de considerar alguém ‘só alguém’ ou um fato ‘só um fato’. Cada dia pode ser vivido de uma maneira diferente, e cá estamos todos nós, vivendo-os como todos os dias anteriores, riscando números num calendário. Era disso que Vera queria se livrar. E não se apegar à liberdade.
E ali, naquele momento, escolheu que podia morrer. E se sabe por todos os cantos, desejo de morrer é plenitude, é intensidade.
Quando olhou para Andie dormindo, com Will no colo, sentiu um comichão no estômago. A paixão concretizada que pairava dentro daquele carro, ou sob aquelas montanhas era impossível de se dizer. Eles estavam assinando com o próprio sangue uma aventura sem cabimento. Uma inquietude tocou os pensamentos de Vera e ela se sentiu como numa explosão- uma explosão boa, uma explosão vital -, era como um sonho, breve.
4 comentários:
Cara... A unica coisa que eu peço para o tipo de pessoa que eu citei no meu post é que fique de boca fechada ou que seja humilde para ensinar e aprender. As pessoas a que me refiro se acham donas da verdade por acreditarem piamente em suas teorias e nos seus conhecimentos. Conhecer suas limitaçoes é querer se ver livre delas!
Consumir coisas boas não diz que vc é inteligente ou que está absorvendo o que consome... Na maioria das vezes te transforma em um repetidor, apenas.
You're not thinking that maybe you're the wrong one.
If there's something wrong there.
"O impulso é mais libertador que a própria liberdade."
Perfeito.
Meu, essa Vera não vai dar uma de Catherine na cena final de Jules et Jim não né?
Por um momento lembrei disso e deu paura. hehehe
Veremos.
Beijos.
ps.: foto no fim discussão Isa x Gota, sério. :)
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