quarta-feira, 25 de novembro de 2009

Às seis da tarde

Hoje tive um surto feminista na aula da Texto, vi esse poema e todas as garotas que lêem esse blog vão ter que me dizer se é assim com elas também; porque, eu achei que isso era uma coisa individual, mas percebi que não... todas as garotas da aula comentando sobre foi algo realmente assustador... enfim.

Às seis da tarde

Marina Colasanti

Ás seis da tarde
as mulheres choravam
no banheiro.
Não choravam por isso
ou por aquilo
choravam porque o pranto subia
garganta acima
mesmo se os filhos cresciam
com boa saúde
se havia comida no fogo
e se o marido lhes dava
do bom
e do melhor
choravam porque no céu
além do basculante
o dia se punha
porque uma ânsia
uma dor
uma gastura
era só o que sobrava
dos seus sonhos.
Agora
às seis da tarde
as mulheres regressam do trabalho
o dia se põe
os filhos crescem
o fogo espera
e elas não podem
não querem
chorar na condução

Um comentário:

Jenny Souza disse...

Sempre achei que isso tem ligação com a memória coletiva de anos e anos e anos de injustiças, preconceitos e outras coisas terríveis, além das mulheres carregarem toda sensibilidade do mundo que o sexo oposto tem de menos. he

mas não sei, não sei mesmo. :)