sábado, 30 de janeiro de 2010

She.

Ela acorda todos os dias como você acorda, com pressa, com fome.
As vezes acorda feliz. Outras não.
Ela se esforça dia após dia para sempre conseguir o melhor, quase sempre para ela. De vez em quando, não. E as vezes se arrepende dessas vezes. OUtras não.
Ela lê atrás de algo, como você ensinou. Ela não sabe o quê, mas não cansa de procurar.
Não cansa, não pode se cansar de procurar.
Ela espera sempre o melhor das pessoas para as quais ela deseja o melhor. Quase nunca acontece, porém.
Ela sozinha, é melhor do que com você. Mas ela só quer você, o tempo todo.
Ela se pergunta por quê? E a resposta ela encontra na pergunta.
Quando ela se sente perdida, chove garoa, o céu fica cinza claro.
Mas ela gosta mais das tempestades.
Ela tem esperança no coração. Deseja justiça, deseja paz. E isso é tão vulnerável nela que ela se esquece o tempo todo.
Ela aprende coisas milhares de vezes por dia. As que ela não usa, ela esquece, e as que ela se machucou para aprender, ela nunca vai esquecer.
Ela comprou algumas coisas interessantes, só não sabe para o quê elas servem.
Ela se orgulha da racionalidade, e tem vergonha da emoção.
Ela costuma se distrair com as flores que passam, e isso gera muitos frutos para ela.
Ela se envergonha de muita coisa que fez, mas vai esquecer da vergonha, e vai repetir.
Ela vê as coisas indo e vindo, e se irrita profundamente com isso.
Se ela pudesse, ela te seguraria firme e diria o que você deve fazer. Mas ela não pode.
Ela defende coisas que ela não põe em prática e pratica coisas que ela não defende.
Ela esquece tudo e começa de novo todos os dias.
Ela vê beleza onde não tem, feiura no que tem preconceito.
Ela não tem controle.
Ela se reparte várias vezes.
Ela muda de opinião conforme o que é melhor para ela, como você disse. Ela assume essa verdade.
As vezes, não quer verdade. As vezes quer. E quando você não quer contar, dói. E as vezes ela chora, outras não.
Ela te escreveu uma carta e você não respondeu.
Ela queria que tudo desse certo, e não deu.
Ela pensou de um jeito, e era de outro. Tudo bem, é só continuar.
Algumas questões viram desafio. E ela perde o controle mais uma vez. As vezes isso faz ela sangrar. Outras faz ela desistir.
Sente muito prazer o tempo todo. Assim como você, é isso no fim das contas que importa. Independentemente de como conseguir. E ela não pensa assim.
Ela tem muitas coisas pra te dizer, e acaba dizendo coisas que não quer.
Ela gosta da solidão, mas luta contra. Ela não quer ser aquela estranha que anda sozinha, e sim ser do grupo que aponto e classifical tal.
Ela pensa sobre a angústia e sobre a tristeza. Da alegria e da felicidade ela só se preocupa em sentir.
Ela já atingiu coisas grandes, mas não soube como utilizá-las.
Agora, ela só se preocupa com o estômago.
Ela se deita todos os dias com a vertingem de todas as horas. Nunca se deita sozinha.
Ela sonha tudo que pode sonhar.

3 comentários:

C E N A 7 disse...

Que texto bunito...
Essa pessoa ta com a doença "vazio21"; a mesma que permeia pela cidade... invade lares, vilas, bairros, passa por debaixo da porta e ai, tudo se transborda em confusão e numa desesperada busca de reconhecimento pelo proximo, mesmo que não precisemos disso nem de longe... Que terror não ser convidado a essa festa.

"Ela comprou algumas coisas interessantes, só não sabe para o quê elas servem." ( !!! )

Diego Caparroz disse...

ja ouviu charles aznovouir ? ou sei la como se escreve....

antes de ler pensei que voce pudesse ter copiado a letra dele rsrsrs

ajt.

Bia disse...

Que texto bom Isa, pena que a vontade absurda que as vezes dá na gente de escrever, normalmente é diretamente proporcional ao nosso "índice fossa" (acabei de invertar ele), acho um disperdício, mas que é irresistível é...