segunda-feira, 21 de junho de 2010

Junho, vigésimo primeiro.


Ela olhou profundamente dentro dos meus olhos e não disse nada, mas eu entendi. Eu estava confuso com aquela situação, queria explicar que não sabia o que fazer, mas ela não entenderia, não queria entender, ela queria do jeito dela, como sempre. Queria dizer para ela que ia ficar tudo bem, que era fase, coisa passageira, mas não conseguia gaguejar nenhuma palavra, e foi quando ela começou a chorar, e vi na minha frente uma criança, fui partindo para o desespero, vi que era uma criança também, que chora quando a mãe chora, sem entender muito porquê, coisas bonitas da vida.
Disse para ela esquecer, e ela me fitou pausadamente, vi toda a cólera no rosto dela, e senti a culpa que ela queria que eu sentisse. Eu só não sei o que fazer, querida, você sabe que eu nunca fui bom com isso, eu queria dizer, mas ia ficando cada vez mais incômodo. Ela me disse: Por favor, tira esse azedume do meu peito, e com respeito trate minha dor. E eu pensei porque ela parafraseia tanto, porque não consegue usar suas próprias palavras, senti que ela não queria se livrar daquilo e sim que eu a livrasse de tal, e não segurei, disse: Não posso fazer nada, foi quando algo mudou na expressão dela, eu sorri de desespero, vi a esperança das lágrimas dela escorrendo, bochecha por bochecha, lágrima por lágrima. Leva esse sorriso falso embora, ou fale agora que entendes meu penar, Não querida, não há o que fazer.Eu não sei o que fazer, por favor, por favor, vamos ficar bem, esquece isso, não força a situação, deixa pra lá, let it go, Não quero, não sei, vamos discutir, vamos ver no que dá, não gosto do abandono, não sei desistir, dai-me  outro viés de ilusão, pois meu sorriso tu não compras mais com o teu olhar. Você não entende, estou bem, quem não está é você, é só você esquecer e bola pra frente, para de bater na mesma tecla, para de ser burra, você está sendo burra. Não me cobre inteligência, não me cobre racionalidade, gosto de ser humano, gosto de sentir. Mas então eu exliquei: Então, a usura que um dia sufocou minha alegria,
há de ser o que morreu.

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