Caminhavam sem pressa pelo Jardim. Sábado abafado, atmosfera abafada. Ela se distraía com as plantas, as raizes, os detalhes dos troncos das árvores, as cores de um inseto com vida curta. Ele, somente ele próprio sabe sobre o que pensava. Mirando suas duras expressões só sabíamos que não estava ali, estava ali de corpo, mas logo víamos que viajava por suas próprias galáxias, seus próprios planetas infindáveis de questionamento e de falta de paz.
Caminhavam em silêncio. Quem visse de longe, logo acharia bonito. Quem visse de dentro, veria solidão conjunta.
-É um jogo pra você, né?
-Oi?!
-Tudo isso, é um jogo pra você. É por isso que você não se importa tanto. Como se tudo dependesse da sorte. Um ganhador, o resto, Game Over. Mas isso é vida. Game Over não é um simples "Ok, agora vamos assistir um filme, esse jogo era chato mesmo."
- Não penso assim e você sabe que eu não penso assim. Só não gosto de sofrer, como qualquer outra pessoa, e me desprendo fácil, pra não ter problemas. Você deveria relaxar um pouco.
-Eu estou relaxado.
-Queria mesmo que tudo fosse um jogo. Que deixar o jogo pela metade não tivesse tantas consequencias. Mas largar o jogo no meio é motivo para ser um daqueles que "não sabem perder". Bom, até que poderíamos então encarar as coisas como um jogo, com a condição de que no fim, não houvesse ganhadores nem perdedores.
-Então, é isso que você pensa da vida?
-...Acho que é isso, sim.
Sorriram. Ele olhava para as copas das árvores, agora que estavam deitados em um canto, devo dizer, delicioso do Jardim. Se distraía com a luz do sol penetrando através de cada folha das àrvores, chegando ao chão com força. O céu, azul e sem nuvens. Ela, também olhava fixo para a copa das árvores, mas um olhar perdido, de quem está em outro planeta.
2 comentários:
isabela, para sempre louca.
humpfth
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