não faça de novo. Não me pegue de surpresa, vulnerável, deixa eu me proteger antes de você chegar, deixa eu lembrar que eu esqueci, não posso permitir que entre numa noite de quinta desse jeito, não assopre o meu muro como se ele fosse de areia, não entre nos meus sonhos como se você fosse parte de mim, ainda.
Por favor.
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sexta-feira, 13 de agosto de 2010
segunda-feira, 21 de setembro de 2009
Sonhos - parte 8 [Das flores]
Will acordou.
- Tive um sonho bizarro.
-Eles sempre são, não?
- Não vou te contar, você vai achar entediante.
- Vou mesmo, que bom que sabe.
-Então, foi muito estranho. Eu estava numa festa, e todo mundo estava lá, todo mundo que eu conheço... e eu conversava com todos eles, sobre todas as coisas do mundo. E quando eu me cansava de uma conversa... voilá, outra pessoa chegava para começarmos outra conversa! E eu ficava o tempo todo olhando no relógio, e era sempre o mesmo horário, sempre duas horas... E eu de alguma forma sabia que ia acordar às três horas... foi tão bizarro... e aí você surgia, você surgia e me levava até a outra sala, e lá estava todo mundo vestido como se fosse séculos atrás, era um desses salões amplos, e algumas pessoas usavam máscaras. E a gente conversava sobre as pessoas, não lembro o que especificamente, mas era sobre as pessoas, e só lembro de eu gritando com você, dizendo para parar de julgar as pessoas pelas máscaras e roupas que elas usavam. Não sei porque eu gritava tanto cotigo daquele jeito, normalmente quem faz isso é você.
-Ai, Will... que besteira--
-Aí tinha a parte mais legal do sonho: A gente ia pra casa da Andie do campo pra buscar ela pra festa também... e lá era muito bonito, bonito mesmo.... Andie estava muito feliz lá, e não queria vir embora, e então a gente ficou lá com ela também. Tinha um cachorro com ela, e ela fazia muitas coisas ao mesmo tempo, era meio assustador, mas bonito...
- Nossa.
-Estranho, né.
-...
Alguma coisa engasgou na garganta de Vera. Então ela vomitou:
-A gente podia ir pra casa de campo da Andie, não?
- Tive um sonho bizarro.
-Eles sempre são, não?
- Não vou te contar, você vai achar entediante.
- Vou mesmo, que bom que sabe.
-Então, foi muito estranho. Eu estava numa festa, e todo mundo estava lá, todo mundo que eu conheço... e eu conversava com todos eles, sobre todas as coisas do mundo. E quando eu me cansava de uma conversa... voilá, outra pessoa chegava para começarmos outra conversa! E eu ficava o tempo todo olhando no relógio, e era sempre o mesmo horário, sempre duas horas... E eu de alguma forma sabia que ia acordar às três horas... foi tão bizarro... e aí você surgia, você surgia e me levava até a outra sala, e lá estava todo mundo vestido como se fosse séculos atrás, era um desses salões amplos, e algumas pessoas usavam máscaras. E a gente conversava sobre as pessoas, não lembro o que especificamente, mas era sobre as pessoas, e só lembro de eu gritando com você, dizendo para parar de julgar as pessoas pelas máscaras e roupas que elas usavam. Não sei porque eu gritava tanto cotigo daquele jeito, normalmente quem faz isso é você.
-Ai, Will... que besteira--
-Aí tinha a parte mais legal do sonho: A gente ia pra casa da Andie do campo pra buscar ela pra festa também... e lá era muito bonito, bonito mesmo.... Andie estava muito feliz lá, e não queria vir embora, e então a gente ficou lá com ela também. Tinha um cachorro com ela, e ela fazia muitas coisas ao mesmo tempo, era meio assustador, mas bonito...
- Nossa.
-Estranho, né.
-...
Alguma coisa engasgou na garganta de Vera. Então ela vomitou:
-A gente podia ir pra casa de campo da Andie, não?
quinta-feira, 10 de setembro de 2009
Sonhos - parte 7
Vera estava dirigindo agora. Tanto Will quanto Andie dormiam, e já estava anoitecendo. O rádio exibia o Bob Dylan, a trilha sonora escolhida pra viagem.
Muitos pensamentos invadiram Vera. Antes de vir, ela tinha tomado algumas decisões. Certas mudanças que precisavam acontecer, queria botar a vida pra frente. Levava dentro do carro, as duas pessoas que mais admirava no mundo e seus pertences mais importantes. Mal acreditava que tinha dado tudo certo. Era um êxtase que ainda não tinha feito efeito. E ali naquela estrada infinita, a sensação de liberdade era plena.
E o que é liberdade, afinal? Se nos amarramos em nossos próprios sentimentos; não há liberdade absoluta, e se há, ela deve ser desesperadora. O impulso é mais libertador que a própria liberdade. Vera era apegada ao destino, à sina, ao karma. Acreditava em coincidências propositais, via as pessoas surgindo em sua vida e sabia que não eram acasos. É tolice ser cético a ponto de considerar alguém ‘só alguém’ ou um fato ‘só um fato’. Cada dia pode ser vivido de uma maneira diferente, e cá estamos todos nós, vivendo-os como todos os dias anteriores, riscando números num calendário. Era disso que Vera queria se livrar. E não se apegar à liberdade.
E ali, naquele momento, escolheu que podia morrer. E se sabe por todos os cantos, desejo de morrer é plenitude, é intensidade.
Quando olhou para Andie dormindo, com Will no colo, sentiu um comichão no estômago. A paixão concretizada que pairava dentro daquele carro, ou sob aquelas montanhas era impossível de se dizer. Eles estavam assinando com o próprio sangue uma aventura sem cabimento. Uma inquietude tocou os pensamentos de Vera e ela se sentiu como numa explosão- uma explosão boa, uma explosão vital -, era como um sonho, breve.
Muitos pensamentos invadiram Vera. Antes de vir, ela tinha tomado algumas decisões. Certas mudanças que precisavam acontecer, queria botar a vida pra frente. Levava dentro do carro, as duas pessoas que mais admirava no mundo e seus pertences mais importantes. Mal acreditava que tinha dado tudo certo. Era um êxtase que ainda não tinha feito efeito. E ali naquela estrada infinita, a sensação de liberdade era plena.
E o que é liberdade, afinal? Se nos amarramos em nossos próprios sentimentos; não há liberdade absoluta, e se há, ela deve ser desesperadora. O impulso é mais libertador que a própria liberdade. Vera era apegada ao destino, à sina, ao karma. Acreditava em coincidências propositais, via as pessoas surgindo em sua vida e sabia que não eram acasos. É tolice ser cético a ponto de considerar alguém ‘só alguém’ ou um fato ‘só um fato’. Cada dia pode ser vivido de uma maneira diferente, e cá estamos todos nós, vivendo-os como todos os dias anteriores, riscando números num calendário. Era disso que Vera queria se livrar. E não se apegar à liberdade.
E ali, naquele momento, escolheu que podia morrer. E se sabe por todos os cantos, desejo de morrer é plenitude, é intensidade.
Quando olhou para Andie dormindo, com Will no colo, sentiu um comichão no estômago. A paixão concretizada que pairava dentro daquele carro, ou sob aquelas montanhas era impossível de se dizer. Eles estavam assinando com o próprio sangue uma aventura sem cabimento. Uma inquietude tocou os pensamentos de Vera e ela se sentiu como numa explosão- uma explosão boa, uma explosão vital -, era como um sonho, breve.
sexta-feira, 31 de julho de 2009
Sonhos- parte 6
- Quando eu era pequena, uns quatro ou cinco anos, eu pensava que as cores eram diferentes para cada pessoa. Que o azul para você não era o mesmo azul para mim, o seu azul podia ser meu laranja... – Vera estava com uns óculos escuros, enquanto dirigia conversando com Will e Andie dormia.
- Não brinca!! Eu tinha essas maluquices também... ninguém nunca vai saber se você enxerga a mesma cor do mesmo jeito que outra pessoas, hehe, acredito nisso até hoje. – A maior parte do tempo os dois tinham conversas assim, sem nenhuma seriedade. O que Vera levava muito à sério.
Eles viajaram por duas horas sem parar, e decidiram parar no alto de uma montanha, enquanto ainda estava um bom sol, uma boa temperatura.
-Como vai a Beatriz, Will?– Andie perguntou para ele enquanto tirava umas fotos.
Will, sentado no chão como um índio, olhou para ela :
-Terminamos fazem quatro dias...contei isso para a Vera, ela não te contou?
Vera estava procurando alguma coisa no bagageiro.
- Não. Nós não conversamos muito sobre você, lembra?
- Hum... – ele deu uma longa pausa. Andie queria saber o que se passou em sua cabeça. – Então, nós terminamos, se é que tínhamos começado algo. A Bia não era pra mim. Queria casar.
Andie deu risada. Vera chegou com uma garrafa térmica e sentou-se com eles.
Eram as únicas pessoas num raio de 1000km. Estava quente, e o céu estava tão azul.
-Chá?!
-Eu quero, chá do quê?
- Chá preto!
- Blergh.
Quando voltaram ao carro, Will foi dirigindo, e Andie foi na frente com ele.
- O que vai ser do nosso futuro... – indagou Will.
- Cara, o futuro vai demorar muito.
- A gente tá seguindo nosso instinto. Estamos sendo fieis à nós mesmos. – pausou -bom, pelo menos eu estou. – Vera olhava as àrvores passando enquanto falava.
- Não brinca!! Eu tinha essas maluquices também... ninguém nunca vai saber se você enxerga a mesma cor do mesmo jeito que outra pessoas, hehe, acredito nisso até hoje. – A maior parte do tempo os dois tinham conversas assim, sem nenhuma seriedade. O que Vera levava muito à sério.
Eles viajaram por duas horas sem parar, e decidiram parar no alto de uma montanha, enquanto ainda estava um bom sol, uma boa temperatura.
-Como vai a Beatriz, Will?– Andie perguntou para ele enquanto tirava umas fotos.
Will, sentado no chão como um índio, olhou para ela :
-Terminamos fazem quatro dias...contei isso para a Vera, ela não te contou?
Vera estava procurando alguma coisa no bagageiro.
- Não. Nós não conversamos muito sobre você, lembra?
- Hum... – ele deu uma longa pausa. Andie queria saber o que se passou em sua cabeça. – Então, nós terminamos, se é que tínhamos começado algo. A Bia não era pra mim. Queria casar.
Andie deu risada. Vera chegou com uma garrafa térmica e sentou-se com eles.
Eram as únicas pessoas num raio de 1000km. Estava quente, e o céu estava tão azul.
-Chá?!
-Eu quero, chá do quê?
- Chá preto!
- Blergh.
Quando voltaram ao carro, Will foi dirigindo, e Andie foi na frente com ele.
- O que vai ser do nosso futuro... – indagou Will.
- Cara, o futuro vai demorar muito.
- A gente tá seguindo nosso instinto. Estamos sendo fieis à nós mesmos. – pausou -bom, pelo menos eu estou. – Vera olhava as àrvores passando enquanto falava.
quarta-feira, 29 de julho de 2009
Sonhos - parte 5
Era mais ou menos duas da tarde quando Vera parou o carro na frente da casa de William – ele morava numa casa amarela, que descascava nos cantos.
Ele estava verificando se não tinha esquecido de nada que pudesse ser necessário para a viagem deles-lanternas, sacolas plásticas, pilhas recarregáveis. - enquanto pensava se realmente queria viajar com as meninas.
William não gostava de ser impulsivo. Preferia ser racional. Era insistente no assunto.
- Ei garotão, já deu beijinho na mamãe antes de sair?
- Mami não está, mas deixei bilhetinho!
- Como você pôde? – Vera olhava pra ele pasmada, com um ar risonho.
- Ela não aparece aqui fazem três dias. Não vão me esperar, vão?
- No way!!
Ele entrou no carro, comprimentou Vera e Andie, nos bancos da frente e jogou sua mochila atrás, seguido do seu corpo.
- Let’s go Alabama!!
Eles estavam empolgados. E nervosos.
William conheceu Vera numa cidadezinha do interior, onde ambos passavam as férias. Ela estava completamente entediada, e ele apareceu, surgiu. Eles ficaram amigos, e continuaram amigos depois que voltaram de lá. Criaram um apego. O vazio de um se refletia no outro. Eles gostavam de ter essa cumplicidade. Andie se apaixonou por Will, mas não queria. Ele se apaixonou por ela também, mas queria que passasse logo. Achou que nunca mais a veria, mas viu que precisava dela, em alguns momentos de sua vida. Ela era boa para suas conversas fúteis, e quando queriam conversar sério, conversavam. A naturalidade dele espantava ela ( “Você parece um robô natural!” foi o que ela disse na primeira conversa que tivera). Ele gostou dela.
Vera apresentou Andie para William. Eles não se amigaram de primeira, mas com o tempo, ficaram naturais um com o outro. Eles faziam parte de uma mesma rotina.
Os três, num carro vermelho, pegaram a estrada.
Ele estava verificando se não tinha esquecido de nada que pudesse ser necessário para a viagem deles-lanternas, sacolas plásticas, pilhas recarregáveis. - enquanto pensava se realmente queria viajar com as meninas.
William não gostava de ser impulsivo. Preferia ser racional. Era insistente no assunto.
- Ei garotão, já deu beijinho na mamãe antes de sair?
- Mami não está, mas deixei bilhetinho!
- Como você pôde? – Vera olhava pra ele pasmada, com um ar risonho.
- Ela não aparece aqui fazem três dias. Não vão me esperar, vão?
- No way!!
Ele entrou no carro, comprimentou Vera e Andie, nos bancos da frente e jogou sua mochila atrás, seguido do seu corpo.
- Let’s go Alabama!!
Eles estavam empolgados. E nervosos.
William conheceu Vera numa cidadezinha do interior, onde ambos passavam as férias. Ela estava completamente entediada, e ele apareceu, surgiu. Eles ficaram amigos, e continuaram amigos depois que voltaram de lá. Criaram um apego. O vazio de um se refletia no outro. Eles gostavam de ter essa cumplicidade. Andie se apaixonou por Will, mas não queria. Ele se apaixonou por ela também, mas queria que passasse logo. Achou que nunca mais a veria, mas viu que precisava dela, em alguns momentos de sua vida. Ela era boa para suas conversas fúteis, e quando queriam conversar sério, conversavam. A naturalidade dele espantava ela ( “Você parece um robô natural!” foi o que ela disse na primeira conversa que tivera). Ele gostou dela.
Vera apresentou Andie para William. Eles não se amigaram de primeira, mas com o tempo, ficaram naturais um com o outro. Eles faziam parte de uma mesma rotina.
Os três, num carro vermelho, pegaram a estrada.
terça-feira, 14 de julho de 2009
Sonhos - parte 4
Vera pegou o telefone, e por dois segundos hesitou.
Então, discou os oito números decorados e, depois de três toques, Andie atendeu.
-Alô?!
-Andie?
-Vera?
-Então, vamos?
- Vamos, né.
- Ok, eu te espero na frente do posto, hum... Uma da tarde dá pra você?
-Ok, sem problemas.
- Estou ansiosa!
- Ah, imagina como eu tô!
- Então, até.
Vera conheceu Andie quando ambas tinham treze anos. As pessoas diziam que elas pareciam irmãs - o cabelo, a feição, o jeito- e elas se gostaram.
Gostavam de acreditar que haviam se tornado amigas por causa de uma música. Depois disso, elas faziam tudo que podiam juntas. Se compartilhavam. Com o tempo, perceberam que poucas eram as vezes que se sentiam só. Eram mesmo parte da mesma coisa. O que mais gostavam de fazer era ir ao cinema: de alguma forma, o movimento das fotografias faziam as duas se sentir mais íntimas.
Todos esses sentimentos caíram como uma luva contra a insegurança que elas tinham de ser elas mesmas, e assim, foram se construindo. Elas tinham a força que precisavam para ir atrás dos seus sonhos.
Então, discou os oito números decorados e, depois de três toques, Andie atendeu.
-Alô?!
-Andie?
-Vera?
-Então, vamos?
- Vamos, né.
- Ok, eu te espero na frente do posto, hum... Uma da tarde dá pra você?
-Ok, sem problemas.
- Estou ansiosa!
- Ah, imagina como eu tô!
- Então, até.
Vera conheceu Andie quando ambas tinham treze anos. As pessoas diziam que elas pareciam irmãs - o cabelo, a feição, o jeito- e elas se gostaram.
Gostavam de acreditar que haviam se tornado amigas por causa de uma música. Depois disso, elas faziam tudo que podiam juntas. Se compartilhavam. Com o tempo, perceberam que poucas eram as vezes que se sentiam só. Eram mesmo parte da mesma coisa. O que mais gostavam de fazer era ir ao cinema: de alguma forma, o movimento das fotografias faziam as duas se sentir mais íntimas.
Todos esses sentimentos caíram como uma luva contra a insegurança que elas tinham de ser elas mesmas, e assim, foram se construindo. Elas tinham a força que precisavam para ir atrás dos seus sonhos.
segunda-feira, 6 de julho de 2009
Sonhos- parte 3
Vera estava amanhecendo. Lembrava do sonho que teve durante o sono, sonho em que presenciava momentos com vários conhecidos, mas como uma terceira pessoa, como um espectador.
Seu quarto tinha uma janela única, que ocupava quase uma parede inteira. A outra parede era onde ficava a cama, e as outras duas eram vazias, com um arranhão aqui, uma sujeira ali. Tinha um gatinho branco de olhos amarelos junto com sua cama, que saía de lá durante o dia e sumia. Voltava quando Vera chegava em casa, e lhe fazia companhia.
Vera possuía a mesma rotina da maioria da população : trabalhava para poder pagar as contas, consumia suas noites com obrigações, se distraía com tv e sonhos.
As vezes, aos fins de semana, saía para conhecer pessoas, lugares e coisas. Quase sempre voltava pra casa com uma conquista a mais ou uma a menos, nunca na mesma.
Os pais de Vera saíram pra viajar.
Seu quarto tinha uma janela única, que ocupava quase uma parede inteira. A outra parede era onde ficava a cama, e as outras duas eram vazias, com um arranhão aqui, uma sujeira ali. Tinha um gatinho branco de olhos amarelos junto com sua cama, que saía de lá durante o dia e sumia. Voltava quando Vera chegava em casa, e lhe fazia companhia.
Vera possuía a mesma rotina da maioria da população : trabalhava para poder pagar as contas, consumia suas noites com obrigações, se distraía com tv e sonhos.
As vezes, aos fins de semana, saía para conhecer pessoas, lugares e coisas. Quase sempre voltava pra casa com uma conquista a mais ou uma a menos, nunca na mesma.
Os pais de Vera saíram pra viajar.
terça-feira, 23 de junho de 2009
Sonhos - parte 2
Andie dormia profundamente, ao lado de um livro aberto na página vinte e três. Dormiu porque tinha que dormir, “é assim que as pessoas fazem”.
Dormia em sua cama simples, com lençóis simples e colchas simples.
Morava com os pais, dois irmãos, um tio, um avô, um cachorro e um passarinho. Estudava gastronomia durante a semana, fazia balé, fotografia, artes cênicas e francês aos sábados. Aos domingos costumava ir à igreja, mas à tempos não ia. Ficava em casa lendo, ou conversando com a família.
A família de Andie tinha uma casa no campo. Uma casa salmão, com cerquinha branca e telhado alinhado. Quando criança, ela e seus irmãos apostavam corrida de bicicleta, na área que existe entre a casa e a seringueira centenária do quintal. Caçavam borboletas, faziam bolos de lama. Andie gostava de ver sua mãe cuidando das rosas: cortar as folhas secas, para as novas poderem nascer. Foi daí que nasceu seu apego por rosas.
Ainda quando Andie era bem pequena e sua família inteira estava na casa do campo, e sua avó teve um derrame na sala, na frente de todo mundo, menos dela e da mãe, que cuidavam das rosas. Ninguém sabia o que fazer, como amparar, não havia médicos nas redondezas e todos os homens ali não sabiam nada de primeiros socorros.
Desde então, seu pai não quis mais ir à casa do campo. A chave ficava guardada numa gaveta e todo mundo a ignorava quando via. A casa tinha virado tabu.
Andie, durante a tarde, tinha pensado em pegar a chave, ir até a casa para tirar algumas fotos daquele lugar. Por mais sinistro que pudesse ser. Mas não conseguiu anunciar o seu desejo para o pai, então desistiu.
Dormia em sua cama simples, com lençóis simples e colchas simples.
Morava com os pais, dois irmãos, um tio, um avô, um cachorro e um passarinho. Estudava gastronomia durante a semana, fazia balé, fotografia, artes cênicas e francês aos sábados. Aos domingos costumava ir à igreja, mas à tempos não ia. Ficava em casa lendo, ou conversando com a família.
A família de Andie tinha uma casa no campo. Uma casa salmão, com cerquinha branca e telhado alinhado. Quando criança, ela e seus irmãos apostavam corrida de bicicleta, na área que existe entre a casa e a seringueira centenária do quintal. Caçavam borboletas, faziam bolos de lama. Andie gostava de ver sua mãe cuidando das rosas: cortar as folhas secas, para as novas poderem nascer. Foi daí que nasceu seu apego por rosas.
Ainda quando Andie era bem pequena e sua família inteira estava na casa do campo, e sua avó teve um derrame na sala, na frente de todo mundo, menos dela e da mãe, que cuidavam das rosas. Ninguém sabia o que fazer, como amparar, não havia médicos nas redondezas e todos os homens ali não sabiam nada de primeiros socorros.
Desde então, seu pai não quis mais ir à casa do campo. A chave ficava guardada numa gaveta e todo mundo a ignorava quando via. A casa tinha virado tabu.
Andie, durante a tarde, tinha pensado em pegar a chave, ir até a casa para tirar algumas fotos daquele lugar. Por mais sinistro que pudesse ser. Mas não conseguiu anunciar o seu desejo para o pai, então desistiu.
domingo, 21 de junho de 2009
Sonhos - parte 1
“ Era tarde da noite.
William arrumava sua mala, uma mala pequena para o tempo que iria ficar fora.
Morava numa casa desproporcional, que ficava a maior parte do tempo vazia, acumulando poeira. Seus pais eram separados, o irmão vivia longe, junto com o pai. A mãe, que nem sempre dormia em casa, desconhecia a própria existência perdida nas crises de idade. Em paz, uma cadelinha acomodava-se nos cantos mais confortáveis da casa, ora no sofá, ora no colo de William. Eles dois, ao menos, se davam bem.
Ele não trabalhava. Tampouco estudava. Passava a maior parte do tempo desenhando, que era o que ele chamava de profissão e de estudo. As vezes, saía para desenhar por aí. E as vezes até fazia retratos e os vendia por miséria. Gostava de sentar- se na beira da cama e desenhar, desenhar para alguém, desenhar pessoas desconhecidas, estranhos. Associava fatos com imagens e fazia o possível para transformá-las em imagens, nem sempre com sucesso.
Devido ao seu excesso de tempo livre, William vivia com visitas. Pessoas de todos os tipos eram amigos dele, e era seu jeito de se distrair. Eles conversavam, falavam do mundo, do cotidiano, falavam um do outro. Ele se apaixonava fácil. Nao tinha critério algum: gostava de todos os tipos. E qualquer um encantava-o, e envolvia-se, declarava-se, e tinha inspiração para poder desenhar. William foi apaixonado pela Fernanda, e namorou com Fernanda. Se apaixonou por Julia, e namorou com Julia, Marcela, Jéssica, Luana, Patrícia, Letícia, todas elas foram paixões grandes, intensas, que duravam pouco tempo. Quase uma explosão.
William arrumava sua mala, uma mala pequena para o tempo que iria ficar fora.
Morava numa casa desproporcional, que ficava a maior parte do tempo vazia, acumulando poeira. Seus pais eram separados, o irmão vivia longe, junto com o pai. A mãe, que nem sempre dormia em casa, desconhecia a própria existência perdida nas crises de idade. Em paz, uma cadelinha acomodava-se nos cantos mais confortáveis da casa, ora no sofá, ora no colo de William. Eles dois, ao menos, se davam bem.
Ele não trabalhava. Tampouco estudava. Passava a maior parte do tempo desenhando, que era o que ele chamava de profissão e de estudo. As vezes, saía para desenhar por aí. E as vezes até fazia retratos e os vendia por miséria. Gostava de sentar- se na beira da cama e desenhar, desenhar para alguém, desenhar pessoas desconhecidas, estranhos. Associava fatos com imagens e fazia o possível para transformá-las em imagens, nem sempre com sucesso.
Devido ao seu excesso de tempo livre, William vivia com visitas. Pessoas de todos os tipos eram amigos dele, e era seu jeito de se distrair. Eles conversavam, falavam do mundo, do cotidiano, falavam um do outro. Ele se apaixonava fácil. Nao tinha critério algum: gostava de todos os tipos. E qualquer um encantava-o, e envolvia-se, declarava-se, e tinha inspiração para poder desenhar. William foi apaixonado pela Fernanda, e namorou com Fernanda. Se apaixonou por Julia, e namorou com Julia, Marcela, Jéssica, Luana, Patrícia, Letícia, todas elas foram paixões grandes, intensas, que duravam pouco tempo. Quase uma explosão.
quinta-feira, 14 de fevereiro de 2008
Truth Faith
Venho aqui confessar um sonho que tive. Foi num sono de quinze minutos no máximo, enquanto lia um livro que exige de mim mais do que eu posso dar. O sonho aconteceu de repente, quase sem querer.
Nele, pequenos seres, pequenos de tamanho, disformes, sem rosto, dançavam. Não tinha música, mas eles possuíam um ritmo próprio, e havia expressão no que eles faziam. Atento ao que digo. Ele não possuiam rostos, mas esbanjavam expressão. Um deles então puxou a minha mão, e queria que eu dançasse com ele, mas eu não podia, não queria, não deveria estar sonhando daquele jeito. De algum jeito, que não foi falando, ele me avisou que, se nós não estamos prontos para dançar, é melhor que não dancemos mesmo, e foi na hora que ele disse, que o ritmo deles me atingiu, assim, instantaneamente mesmo. Eles perceberam e de um jeito que não era com os lábios, ou a alma, sorriram. E o fogo que iluminava o lugar aumentou, assim como nossas sombras, de um jeito monstruoso, cresciam nas rochas logo atrás. Das sombras, saíam imagens da minha vida lúcida, do que estava acontecendo num mundo que não era de danças e sonhos. E acreditem, nada acontecia ali.
O cenário mudou, e a dança mudou, e os personagens mudaram. Eu mudei, assim que percebi como as coisas haviam mudado. Enfim, tinha visto que eu precisava dançar conforme o ritmo, se não ficava parecendo um deslocado, algo que não pertencia àquele lugar.
Não foi um fim do sonho, mas algo me acordou, não estava preparado para a próxima dança, com certeza. Precisava ainda me apreciar desta, e admitir que uma hora essa dança muda, e eu mudo com ela.
Nele, pequenos seres, pequenos de tamanho, disformes, sem rosto, dançavam. Não tinha música, mas eles possuíam um ritmo próprio, e havia expressão no que eles faziam. Atento ao que digo. Ele não possuiam rostos, mas esbanjavam expressão. Um deles então puxou a minha mão, e queria que eu dançasse com ele, mas eu não podia, não queria, não deveria estar sonhando daquele jeito. De algum jeito, que não foi falando, ele me avisou que, se nós não estamos prontos para dançar, é melhor que não dancemos mesmo, e foi na hora que ele disse, que o ritmo deles me atingiu, assim, instantaneamente mesmo. Eles perceberam e de um jeito que não era com os lábios, ou a alma, sorriram. E o fogo que iluminava o lugar aumentou, assim como nossas sombras, de um jeito monstruoso, cresciam nas rochas logo atrás. Das sombras, saíam imagens da minha vida lúcida, do que estava acontecendo num mundo que não era de danças e sonhos. E acreditem, nada acontecia ali.
O cenário mudou, e a dança mudou, e os personagens mudaram. Eu mudei, assim que percebi como as coisas haviam mudado. Enfim, tinha visto que eu precisava dançar conforme o ritmo, se não ficava parecendo um deslocado, algo que não pertencia àquele lugar.
Não foi um fim do sonho, mas algo me acordou, não estava preparado para a próxima dança, com certeza. Precisava ainda me apreciar desta, e admitir que uma hora essa dança muda, e eu mudo com ela.
segunda-feira, 19 de novembro de 2007
Breve Apresentação dos dias de Primavera

Eu estava sentada no banco daquela praça do lado do Paço Municipal alimentando os pombos. É, eu sei que é Primavera, mas estava um calor danado. Umas garotinhas corriam aqui e ali e aquele inferninho de carros buzinavam.
Mas o que eu queria mesmo era um pouco diferente. Talvez trocasse as garotinhas por cocos, e não os faria correr. As pombas poderiam ser aqueles adoráveis tico-ticos que não servem pra nada.Trocaria a primavera por Verão, ou melhor, por Inverno, porque ia estar calor do mesmo jeito. Os carros virariam mar e eu estaria na praia. Ainda sendo Inverno, não teria nenhum problema com o congestionamento das praias. Queria mesmo era mudar de ares. Digo, uma hora alimentar pombos acaba enchendo a mim mesma. Depois de passar minha tarde ali, vou pra casa e vejo um pacote médio num laço dourado (típico, típico presente de Natal adiantado) e penso "hummm, algo diferente pra me distrair" e ao abrir o pacote vejo ali uma nova "Vassoura Mágica". Quem dera eu ter um daqueles filhos originais que dão para as suas mães aquelas árvores de chicletes mastigados ou aquelas fotos antiguérrimas numa versão de slide com musiquinha nostalgica de fundo. É ofensivo ganhar uma Vassoura Mágica.
Crianças, não dêem Vassouras Mágicas aos seus pais de Natal.
A praia seria mesmo uma boa.
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