Mostrando postagens com marcador só eu entendo. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador só eu entendo. Mostrar todas as postagens

segunda-feira, 25 de abril de 2011

Bandolins

Acendo um cigarro, coloco Bandolins para tocar em looping. Um pequeno ritual. É segunda-feira. O peito dói por êne motivos, depois dos quatro dias chamados de santos e tantas mas tantas aprendizagens, me tirados assim, por ser segunda-feira. Têm tanta informação para ser processada. Como é bonito a entrega.
Deixar levar, deixar viver, deixar acontecer. Deixar que seja bom, deixar que seja ruim. Deixar ser como será.
O cérebro há de avançar e ser mais fiel ao seu dono. Depender das lembranças e do bom julgamento, depender da razão, depender das emoções, é com C de Cinema, C de Culhões e de Coração e de Cabeça que se caminha. Conserva o que há de construtivo.
Não gosto de nada que tem fim. Quero assinar contrato de eterno (como o som daquela àgua correndo) com tudo que seja intenso. Seja os sorrisos desses meninos e a felicidade do botequim. Vamos fechar os olhos e mandar ver, vamos pisotear nossos julgamentos quase sempre errados e vamos.
Vamos que o mundo não deixa de surpreender, mesmo que a solidão seja palpável e real, vamos acreditar que somos juntos e que ainda temos muitos mundos para descobrir.

domingo, 13 de março de 2011

Sobre a nova dança

E aí, quando já tinha desistido de tudo, assumido que o coração era fraco e cada batida era um soco, que não podia negar mais o que ela era realmente, que a dor da admissão daquele amor pobre, amor sujo, amor doentio, amor alcóolico e que fedia à cigarros, era mais amena do que a dor de estar sozinha, ele apareceu.
E de tão brusco, o susto fez com que perdesse a pose e desequilibrasse. Passou dias e dias tentando entender, então não era mais uma pobre coitada? Então, ainda havia esperança? E ficava de um lado pro outro tentando entender o que estava errado, as coisas não podiam dar certo para ela, não assim tão repentinamente, e depois de ter esperado tanto. E quando entendeu, sorriu. "Dessa vez, quem sabe..."
Há sempre um fiasco de esperança. Eis que começa a dança.
Foram dias loucos. Foi invadida de prazer gratuito por todos os lados, ela era amada, e por isso amava todos, e todos a amavam por ela amar a todos. Os dias eram tão quentes, conseguia sentir todos os dias o sol explodindo e explodindo e explodindo... explosões incessantes, avalanches por todos os lados, e aquela brisa tão leve... se jogou de cabeça e ria, quase em desespero, ria o tempo todo, ria te tudo, até as desgraças eram bonitas. Então era assim que era se apaixonar? Já havia esquecido, não tinha certeza se esse era o sentimento.
Ela queria agradecer. Não sabia como. Ficou tão recheada de gratidão, saturada de gratidão. Passou dias e dias ouvindo aquele mesmo som que ele cantou, de novo, de novo, de novo e de novo.
"O que me encanta é sua intensidade. Esbanjo e mergulho nela."
E crescia, crescia o tempo todo. Amava a invasão dele nela. Ela aprendeu a gostar do sorriso dele, das mãos dele, das mãos dela na dele, da voz, as costas, as pernas, as rugas. Gostava peculiarmente da risada estranha que ele dava quando não estava prestando atenção na conversa fiada dela. Ela falava tanto o tempo todo, não conseguia parar de falar, contou de todas as conquistas mesquinhas, as desgraças sem graça alguma, os livros, as músicas, as pessoas, as manias, as virtudes e os vícios. Queria que ele entrasse em todo o passado dela.
E bem no meio da dança, quando ela já sabia o gingado e os próximos passos, o ritmo mudou bruscamente. Completamente desnorteada, ela não soube o que fazer e estancou. Olhou e tentou entender, quem fez isso? O que aconteceu? Não era para ser assim, não era, não era! Ficou ali, parada, e esperou, coisa pouca, devia mesmo ser uma besteira, algum problema no aparelho, a música ia voltar ao normal em poucos segundos e a dança ia voltar. Esperou, esperou. Queria ela mesma ir lá e resolver tudo, mas não sabia como. Esperou. Algo mudou na atmosfera, o ar pesava de novo, a brisa se desfez. Esperou e esperou. De tanto esperar se cansou, e foi atrás, meteu a cara e procurou a resposta.
Caiu diretamente no chão, machucando a si mesma gravemente. Sangrou, ali, tudo que tinha pra sangrar. Gostava da sensação de vazio que ia tomando conta dela, era quase um alívio imediato, mas no meio desse deleite sentiu o coração pesando, e doendo de tão pesado, de tanta coisa que tinha ali guardado, preso.
E a única coisa que pensava era em como fazer para o ritmo voltar e ela poder continuar a dança.

sábado, 12 de fevereiro de 2011

Confissão Imáginária

Com movimentos lentos, sentou-se ao lado do telefone e o pegou sem pressa alguma. Discou os numeros, delicadamente.

-Alô.

-Oi.

-Ah, você! Oi.

-Como é que tá por aí?

- Tranquilo. Mesmo de sempre. Nada de novo.

-Sei.

-E aí?

-Bem. (...) Eu estou bem feliz, sabe? De verdade. Pareço até uma criança boba que se alegra com qualquer careta. Andei pensando um bocado sobre essa felicidade que me pegou de jeito. Ela tem muitos motivos, viu.

-Ah, bom saber então! Eu não tenho motivo pra estar feliz não. Só no 'keep walking' aqui.

-É, né. Foi por isso que te liguei. Será que você consegue me ouvir e ver se eu estou exageradamente feliz, ou se é felicidade mesmo?

-Manda bala.

-Tá tudo uma maravilha lá no trampo. Cada dia tem uma notícia melhor, a coisa tá realmente indo pra frente, sabe? A gente é bom no que faz, a repercursão é boa.

-Hum.

- Tô super bem com o pessoal. A gente criou um companherismo que é novidade para mim. A gente aceita os defeitos uns dos outros, porque aconteceu com a gente também. Parece que tá todo mundo aceitando que é humano por aqui, precisa ver. Esses dias a gente chegou eram umas quatro da manhã aqui em casa. Rolou maior conversa bacana. Não quero esquecer essa conversa.

-Pô, que bom.

-Eu conheci um cara muito legal. Parece até que é de mentira, sabe? Tinha até esquecido como é bom acordar com mensagens de bom dia. Faz realmente o dia ser bom. E foi tudo muito rápido, é intenso do jeito que eu gosto. Bom, vocês vão se conhecer, aí você vai ver.

-Certo, só marcar.

-Esse lugar novo, é fantástico. Como o ambiente muda o humor, cara. Tem que ver como é gostoso aqui. Tá sem defeito algum. Não vejo nadinha errado.

-Good vibration total, hein?!

-Não é? Fico até sem saber como reagir. Fico meio histérica.

-Ah mas cê sabe o que é né? É aquela coisa que acontece. Tipo um alinhamento, manja? As coisas se alinharam pra ti. E toda essa coisa de energia. Coisa boa atrai coisa boa. E atração rola nas coisas pequenas, não é aquela coisa babaca de ficar escrevendo um pedido trinta mil vezes num caderninho de wish list. E querer e correr atrás. Você é boa nisso.
-Sério que é isso que você pensa? É isso que eu penso também. É engraçado né. Felicidade tem mania de parecer fake. Aquela coisa de ser bom de mais pra ser verdade.

-É plenitude.

-Será que dura?

-Ah, dura sim.

-Vamos ver, né. Pô, tava até pensando em comprar um peixe.

-Por quê?

-Sei lá, sempre quis ter um peixe. Dois, na verdade.

-Peixes são tão distantes. Não entendo peixe como pet.

-Ah, sabe o que mais? Tô conseguindo ler e estudar de novo. Só coisa boa, bicho.

-É a harmonia.

-Os hippies estavam certos.

-Os hippies? Certos em quê?

-Essa coisa de paz. Estou em paz.

-Ah, não é? Cê tá me contagiando, viu.

-Tá fazendo o que?

-Tô vendo um filme. Um do Woody Allen. O cara me fascina cada vez mais, um dia vou escrever diálogos como ele. E não vai demorar.

-Vamos beber uma cerveja? Termina de ver o filme aí enquanto eu me arrumo. Te encontro aí na sua casa e a gente vê onde a gente pode ir. Fiz a maior confissão agora, quero saber um pouco da tua vida também.

-Vamos. Não tenho muita coisa pra contar não, mas a gente joga conversa fora, sim.

-Fechou. Até daqui a pouco então.

-Até.

Esperou ele desligar. Ouviu o tuu-tuu do telefone, levantou, aumentou o som e se trocou, sentindo cada pedaço de tecido deslizar, a brisa leve que corria pelas janelas atravessando o corpo, muita luz em todos os lados.

quinta-feira, 16 de dezembro de 2010

A toca é logo ali.

Aqueles velhos contos de fada. A gente sabe o que é errado, nós sabemos que logo ali, algo que não é bom existe e vai fazer mal. Dentro daquela toca há coisas que talvez eu não deseje saber. Mas ops, acontece que quando se tem o impulso de olhar um pouco mais por cima, acaba-se caindo dentro.

quarta-feira, 15 de dezembro de 2010

Espiral?

E eu tenho esse pensamento que de tão macabro e tão horroroso eu não consigo compartilhar com ninguém. No primeiro dia que ele surgiu, eu pensei: ''Nossa, faz sentido!''
Agora já se tornou o sentido. Tão perigoso.

terça-feira, 2 de novembro de 2010

I know a room full of musical tunes.
Some rhyme, some ching.
Most of them are clockwork.
Let's go into the other room
And make them work.

sábado, 23 de outubro de 2010

Oi. Eu tentei te ligar, mas você não atendeu. É que eu preciso falar agora, sabe. Falar sem rodeios, sinceramente, como eu só converso com você. Mas você não me atende. Eu estou pensando sobre aquele professor. É tão chocante, não acha?! Ah, não me venha com ironias. Já não suporto mais ironias, elas já não são engraçadas. Não sei... só queria dizer que está tudo bem mesmo, não tenho grandes eventos além dos meus grandes eventos, pequenas sincronias aqui e ali, nada de cair pra trás, nada como a história desse professor. EU estava ouvindo Mutantes hoje, lembrei de você, por isso quis te ligar. Queria conversar com você sobre os Mutantes de novo. Conversar sobre qualquer coisa, conversar. Sinceramente, sem rodeios. Ninguém é sincero, nunca. Nós também não somos sinceros. Acho que só me sinto à vontade com você. Um pouco, nem tanto, as vezes você é arrogante. Deve ser coisa de homem. Mas me conta, como anda da sua vida. Desponta aquele teu tom de voz e olha pro horizonte pra contar que está tudo na mesma. Que o tempo passa, mas nada muda. Têm um quê de poético nesse seu jeito de contar sobre sua vida, eu gosto. Gosto quando as pessoas confiam em mim e me contam seus segredos. Principalmente quando eles parecem ser só pra mim, principalmente quando você quer falar, e não eu ter que perguntar. Conta da sua mãe. Sua avó. Conta dos seus planos pro futuro, conta alguma teoria nova sobre a vida. E a solidão, na mesma? A minha não mudou, não. Nada muda. Só os nossos corpos estão envelhecendo, me parece que você engordou. Olhei numa foto. Eu assisti um filme esses dias, e ele era um daqueles filmes muito bons, que me faz abandonar a técnica e esquecer tudo, sabe? Eu até tive vontade de chorar, mas, bom, você sabe como eu sou. Mas assista esse filme. Lembra daquela teoria que a gente falava, de que só existem vinte pessoas no mundo, o resto é coadjuvante? Voltei a pensar nela, uns casos que te conto com mais detalhes depois. Hahaha, o amor? Poxa, porque você não me atende? Não tenho tempo pra amor. Minha mãe me chamou de surda, de apressada. Disse algum provérbio com bois e cavalos, mas não prestei tanta atenção. Você não me entende?

sexta-feira, 22 de outubro de 2010

sexta-feira, 10 de setembro de 2010

Tomo 5

É terno, é cheio de esperança,é novo, é com fundo de "You really got a hold on me". Sei o que é, sei como vai terminar, não dá medo nenhum... delicioso!
Sentir o cheiro do ar depois da chuva, sensação impagável. Congela tudo, não quero que acabe.
Acabaram as explosões, e existe um equílibrio entre os atos. Não há exagero, não há insegurança. Mas há aquele comichão, aquela ansiedade boa.
Cinco é um número adorável!

domingo, 2 de agosto de 2009

"Era uma vez Abelinha e a Flor.
Eles se conheceram num dia cinza (mas era colorido, tão colorido), ela usava azul, ele estava tocando um violão.
Naquele tempo só chovia e o céu só sabia ser cinza.Eles se apaixonaram.Você entrou na minha vida rápido e eu gostei.O mundo era bom de novo, era como ver tudo pela primeira vez, era mais uma vez, a esperança.
Eles comemoraram. Ríam juntos, dormiam juntos, comiam juntos, eram partes de uma mesma coisa.Ela pensava nele o dia inteiro, ele fazia surpresas pra ela.Ela o amava.Qual será o nosso fim? Ela conheceu a família dele, todos almoçaram juntos, ela não gosta de famíllias, mas fez o melhor que pode.'eles gostaram de você, Flor '
Agora já estava sol de novo, era o Verão, iluminado, quente. As fores saíam de todas as partes. 'Se eu fosse uma flor selvagem e livre, tudo o que eu iria querer é que você fosse minha querida abelhinha'.

'Abelhinha, o que aconteceu?'

Ela contava todas as histórias da sua vida para ele.Viajaram juntos, dançaram juntos,foram ao cinema.
'Abelhinha , por que está chorando?'
Eram o melhor casal do mundo. Os mais legais, os mais bonitos, os que se davam tão bem.Mas por que eles choravam?Ela abraçava ele. Dormíam juntos, estudavam juntos, saíam juntos. Ele contava histórias para ela dormir, ela entregava cartas para ele.'O que você está escondendo de mim, Abelhinha?'

Ela não sabia como fazer provas de amor. Ele estava confuso. Alguma coisa ruim estava acontecendo.Eles se conheciam por inteiro. Ela sabia tudo dele, ele sabia tudo dela. Eles foram ao museu, saíram pra comer, se abraçavam.'Flor, o que está acontecendo com você?''O que está acontecendo?'O Inverno estava voltando. Alguma coisa ruim estava acontecendo. Eles estavam se esquecendo um do outro. Qual será o nosso fim?
'Abelhinha, por que você está gritando comigo?'Eles se aborreciam por qualquer coisa. As vezes, ela não queria ver ele. Ele não sabia ir embora. Eles viajaram.O ar estava seco, as folhas tinham caído já. O mundo estava diferente mais uma vez. 'Gosto tanto de você Abelhinha 'Eles não sabiam mais como viver separados, mas ela precisava ir embora.'Você não me ama mais.'Ela não queria ir. Eles gritaram, brigaram, choraram tanto. Ele não sabia o que fazer. Ele não precisava ir embora.'Eu estou sem ar, esse ar já não é pra mim''Por que você está assim?'Ela respirou fundo e se machucou. Seus pulmões já não suportavam mais. Ela tentou e não conseguiu. Ele não tinha como ajudar.E então, eles não iriam ficar juntos para sempre. Não eram o casal mais legal do mundo.Ele não soube ser abelhinha, ela não soube ser flor.Foi nosso erro."