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domingo, 29 de janeiro de 2012

Biological

Caminhavam sem pressa pelo Jardim. Sábado abafado, atmosfera abafada. Ela se distraía com as plantas, as raizes, os detalhes dos troncos das árvores, as cores de um inseto com vida curta. Ele, somente ele próprio sabe sobre o que pensava. Mirando suas duras expressões só sabíamos que não estava ali, estava ali de corpo, mas logo víamos que viajava por suas próprias galáxias, seus próprios planetas infindáveis de questionamento e de falta de paz.
Caminhavam em silêncio. Quem visse de longe, logo acharia bonito. Quem visse de dentro, veria solidão conjunta.

-É um jogo pra você, né?
-Oi?!
-Tudo isso, é um jogo pra você. É por isso que você não se importa tanto. Como se tudo dependesse da sorte. Um ganhador, o resto, Game Over. Mas isso é vida. Game Over não é um simples "Ok, agora vamos assistir um filme, esse jogo era chato mesmo."
- Não penso assim e você sabe que eu não penso assim. Só não gosto de sofrer, como qualquer outra pessoa, e me desprendo fácil, pra não ter problemas. Você deveria relaxar um pouco.
-Eu estou relaxado.
-Queria mesmo que tudo fosse um jogo. Que deixar o jogo pela metade não tivesse tantas consequencias. Mas largar o jogo no meio é motivo para ser um daqueles que "não sabem perder". Bom, até que poderíamos então encarar as coisas como um jogo, com a condição de que no fim, não houvesse ganhadores nem perdedores.
-Então, é isso que você pensa da vida?
-...Acho que é isso, sim.

Sorriram. Ele olhava para as copas das árvores, agora que estavam deitados em um canto, devo dizer, delicioso do Jardim. Se distraía com a luz do sol penetrando através de cada folha das àrvores, chegando ao chão com força. O céu, azul e sem nuvens. Ela, também olhava fixo para a copa das árvores, mas um olhar perdido, de quem está em outro planeta.

segunda-feira, 25 de abril de 2011

Bandolins

Acendo um cigarro, coloco Bandolins para tocar em looping. Um pequeno ritual. É segunda-feira. O peito dói por êne motivos, depois dos quatro dias chamados de santos e tantas mas tantas aprendizagens, me tirados assim, por ser segunda-feira. Têm tanta informação para ser processada. Como é bonito a entrega.
Deixar levar, deixar viver, deixar acontecer. Deixar que seja bom, deixar que seja ruim. Deixar ser como será.
O cérebro há de avançar e ser mais fiel ao seu dono. Depender das lembranças e do bom julgamento, depender da razão, depender das emoções, é com C de Cinema, C de Culhões e de Coração e de Cabeça que se caminha. Conserva o que há de construtivo.
Não gosto de nada que tem fim. Quero assinar contrato de eterno (como o som daquela àgua correndo) com tudo que seja intenso. Seja os sorrisos desses meninos e a felicidade do botequim. Vamos fechar os olhos e mandar ver, vamos pisotear nossos julgamentos quase sempre errados e vamos.
Vamos que o mundo não deixa de surpreender, mesmo que a solidão seja palpável e real, vamos acreditar que somos juntos e que ainda temos muitos mundos para descobrir.

domingo, 3 de abril de 2011

E então?

Têm momentos que eu queria guardar pra sempre, têm outros que eu não queria que nunca tivessem acontecido. Têm pessoas que transitam, outras que ficam, independentemente da tempestade. Têm apegos e desapegos acontecendo o tempo todo, vários encontros, vários desencontros. Têm coisa que muda, têm outras que não tem jeito. Têm momentos de controle, têm muitos de descontrole. Tem preguiça e tem ansiedade. Tem festa e tem descanso. Tem guerra e tem paz.

Tem de tudo gente! Como é que a gente não se acostumou com a idéia ainda?!

sábado, 12 de fevereiro de 2011

Confissão Imáginária

Com movimentos lentos, sentou-se ao lado do telefone e o pegou sem pressa alguma. Discou os numeros, delicadamente.

-Alô.

-Oi.

-Ah, você! Oi.

-Como é que tá por aí?

- Tranquilo. Mesmo de sempre. Nada de novo.

-Sei.

-E aí?

-Bem. (...) Eu estou bem feliz, sabe? De verdade. Pareço até uma criança boba que se alegra com qualquer careta. Andei pensando um bocado sobre essa felicidade que me pegou de jeito. Ela tem muitos motivos, viu.

-Ah, bom saber então! Eu não tenho motivo pra estar feliz não. Só no 'keep walking' aqui.

-É, né. Foi por isso que te liguei. Será que você consegue me ouvir e ver se eu estou exageradamente feliz, ou se é felicidade mesmo?

-Manda bala.

-Tá tudo uma maravilha lá no trampo. Cada dia tem uma notícia melhor, a coisa tá realmente indo pra frente, sabe? A gente é bom no que faz, a repercursão é boa.

-Hum.

- Tô super bem com o pessoal. A gente criou um companherismo que é novidade para mim. A gente aceita os defeitos uns dos outros, porque aconteceu com a gente também. Parece que tá todo mundo aceitando que é humano por aqui, precisa ver. Esses dias a gente chegou eram umas quatro da manhã aqui em casa. Rolou maior conversa bacana. Não quero esquecer essa conversa.

-Pô, que bom.

-Eu conheci um cara muito legal. Parece até que é de mentira, sabe? Tinha até esquecido como é bom acordar com mensagens de bom dia. Faz realmente o dia ser bom. E foi tudo muito rápido, é intenso do jeito que eu gosto. Bom, vocês vão se conhecer, aí você vai ver.

-Certo, só marcar.

-Esse lugar novo, é fantástico. Como o ambiente muda o humor, cara. Tem que ver como é gostoso aqui. Tá sem defeito algum. Não vejo nadinha errado.

-Good vibration total, hein?!

-Não é? Fico até sem saber como reagir. Fico meio histérica.

-Ah mas cê sabe o que é né? É aquela coisa que acontece. Tipo um alinhamento, manja? As coisas se alinharam pra ti. E toda essa coisa de energia. Coisa boa atrai coisa boa. E atração rola nas coisas pequenas, não é aquela coisa babaca de ficar escrevendo um pedido trinta mil vezes num caderninho de wish list. E querer e correr atrás. Você é boa nisso.
-Sério que é isso que você pensa? É isso que eu penso também. É engraçado né. Felicidade tem mania de parecer fake. Aquela coisa de ser bom de mais pra ser verdade.

-É plenitude.

-Será que dura?

-Ah, dura sim.

-Vamos ver, né. Pô, tava até pensando em comprar um peixe.

-Por quê?

-Sei lá, sempre quis ter um peixe. Dois, na verdade.

-Peixes são tão distantes. Não entendo peixe como pet.

-Ah, sabe o que mais? Tô conseguindo ler e estudar de novo. Só coisa boa, bicho.

-É a harmonia.

-Os hippies estavam certos.

-Os hippies? Certos em quê?

-Essa coisa de paz. Estou em paz.

-Ah, não é? Cê tá me contagiando, viu.

-Tá fazendo o que?

-Tô vendo um filme. Um do Woody Allen. O cara me fascina cada vez mais, um dia vou escrever diálogos como ele. E não vai demorar.

-Vamos beber uma cerveja? Termina de ver o filme aí enquanto eu me arrumo. Te encontro aí na sua casa e a gente vê onde a gente pode ir. Fiz a maior confissão agora, quero saber um pouco da tua vida também.

-Vamos. Não tenho muita coisa pra contar não, mas a gente joga conversa fora, sim.

-Fechou. Até daqui a pouco então.

-Até.

Esperou ele desligar. Ouviu o tuu-tuu do telefone, levantou, aumentou o som e se trocou, sentindo cada pedaço de tecido deslizar, a brisa leve que corria pelas janelas atravessando o corpo, muita luz em todos os lados.

quinta-feira, 16 de dezembro de 2010

A toca é logo ali.

Aqueles velhos contos de fada. A gente sabe o que é errado, nós sabemos que logo ali, algo que não é bom existe e vai fazer mal. Dentro daquela toca há coisas que talvez eu não deseje saber. Mas ops, acontece que quando se tem o impulso de olhar um pouco mais por cima, acaba-se caindo dentro.